Trump impõe tarifas sobre painéis solares e irrita asiáticos


"A ação do presidente visa, mais uma vez, a intenção da administração de defender os trabalhadores norte-americanos", informou em nota o Departamento de Comércio. Segundo a entidade, o imposto de importação vai cair gradualmente pelos próximos quatro anos, mas iniciará em 30% sobre os painéis enquanto para as máquinas de lavar chegará a 50%.

Apesar do discurso do governo norte-americano, a Associação da Indústria para a Energia Solar dos EUA informou que cerca de 23 mil postos de trabalho serão perdidos com a manobra, já que encarecerá muito as peças importadas e derrubará a produção nacional desses dois itens.

A medida também irritou os governos asiáticos, especialmente da China e da Coreia do Sul. O chefe do Escritório de Negociações Comerciais do Ministério do Comércio chinês, Wang Hejun, afirmou que a medida é um "forte desapontamento" e que é "um abuso em termos comerciais".

Já a Coreia do Sul informou que enviará uma reclamação formal à Organização Mundial do Comércio (WTO) contra as tarifas impostas por Trump. Para o ministro do Comércio local, Kim Hyun-chong, essa foi uma decisão "excessiva, que aparentemente constitui uma violação das disposições da WTO".

"O governo dos EUA tomou decisões olhando mais para questões políticas internas do que respeitando as leis internacionais. Se colocarmos esse recurso na WTO, certamente vamos ganhar", disse ainda o ministro referindo-se a outros casos de protecionismo econômico.

Quem também se manifestou sobre o caso foram as gigantes de tecnologia Samsung e LG Eletronics.

Para a primeira, a decisão de Trump "é uma grande perda para os consumidores e trabalhadores norte-americanos", já que as "tarifas são uma taxa para cada consumidor que quer comprar uma lavadora - e que acabarão pagando mais por não ter mais a possibilidade de escolha".

A Samsung ainda lembrou que contratou mais de 600 funcionários em sua nova planta na Carolina do Sul e que esses trabalhos serão afetados pelas novas tarifas.

A LG também mostrou desapontamento com a medida no momento em que ela está começando a operar uma planta industrial no Tennessee. Para a empresa, a decisão atingirá em cheio a rede comercial de produtos e os consumidores do país.

A medida faz parte do programa de governo "America First" e tem a ver com a política do republicano que vê, especialmente na China, um "inimigo" para a indústria nacional. Trump vem tomando uma série de medidas para "isolar" os EUA no cenário do comércio internacional, saindo de acordos multilaterais como a Parceria Trans-Pacífica ou renegociando a participação dos EUA no Nafta.

 

23 jan 2018


Por AGÊNCIA ANSA