Matemático de Bauru aposta tudo e se torna pioneiro em energia eólica na região de Bauru


Instalada desde a semana passada em um kartódromo nas imediações do quilômetro 330 da rodovia Marechal Rondon (SP-300), no sentido Interior-Capital, uma torre aerogeradora com 24 metros de altura possuirá potência capaz de gerar energia para cinquenta casas com cerca de quatro pessoas cada uma. O dispositivo trata-se de um protótipo e deve começar a funcionar oficialmente na próxima sexta-feira.

Por enquanto, o equipamento gerará energia para abastecer apenas o kartódromo Kart Z, grande apoiador da iniciativa.

A ideia de Battistel, contudo, é ampliar a rede de consumidores e transformar o projeto em um modelo de negócios. E sua empresa já tem até nome: CBT Turbinas Eólicas.

VENTOS BAURUENSES

A torre custou nada mais nada menos que R$ 700 mil. "Vendi carro, casa na praia e emprestei dinheiro. Já cheguei a ouvir que sou um maluco, mas acredito nessa ideia", brinca Battistel.

Ele conta que chegou a cursar alguns anos de Engenharia elétrica, mas desistiu da faculdade e trabalhou por mais de duas décadas em uma empresa de soluções em energia condicionada. Nos últimos anos, passou a estudar a viabilidade de projeto aerogerador, que teve início no ano passado.

"A energia eólica é possível e economicamente viável em Bauru. A cidade registra ventos de velocidade considerada média, 5,5 metros por segundo (m/s). A partir de 4,5 m/s, a energia eólica já é viável. Além disso, a localização privilegiada de Bauru, na rota no Estado, ajuda na distribuição estratégica", completa o matemático.

O custo desta energia ao consumidor, segundo ele, será quase a metade do valor do quilowatt por hora (KW/h) que é gerado por uma hidroelétrica. A distribuição da energia eólica, no entanto, é feita por meio da rede comum, da qual é cobrada uma taxa de uso.

"Ainda faremos um estudo detalhado, mas acredito que, em quatro anos e meio de uso, será possível amortizar o valor investido na compra. Uma torre pode ser instalada no fundo de uma empresa e substituir os geradores, por exemplo. Além de ser energia limpa, a empresa pode se valer do marketing que isso gera", idealiza o matemático.

AJUDA UNIVERSITÁRIA

A construção da torre de captação, que possui cerca de dez toneladas, contou com ajuda de um grupo de professores de engenharia mecânica da Unesp de Bauru, além de alunos de engenharia elétrica, também do câmpus. "Minha filha é aluna da Unesp e me ajudou a viabilizar esses contatos", comenta Battistel.

A empreitada também teve apoio de um professor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e da empresa Volato Aeronaves, fabricante de aviões experimentais, em Bauru. "A pá é fabricada com fibra de vidro e carbono. Foi difícil encontrar uma empresa com disponibilidade e também interessada neste serviço", detalha o pioneiro.

Além do know-how da torre, Battistel também trabalhou no desenvolvimento de um software que disponibilizará, em tempo real, todas as informações sobre o vento e a produção na torre. Esses dados serão enviadas a uma central da empresa que está sendo montada, na Vila Galvão.

"Na vida, a gente tem que dar a mão para as pessoas e foi isso que fiz com o Walter. Acredito na ideia dele, acho que é algo importante para a região", finaliza Walter Lanera, 69 anos, proprietário do kartódromo que apoiou a iniciativa.

Bauru está no Mapa do Vento do Estado de SP

E o negócio de Walter Battistel pode ter um futuro “de vento em popa”, uma vez que a região de Bauru integra a lista dos principais pontos de potencial de geração de energia eólica do Estado, conforme reportagem do JC de junho de 2013.

Na ocasião, o então secretário estadual de energia de São Paulo, José Aníbal, deu a informação durante a Festieco-Fimab, iniciativa do Grupo Cidade. Além de Bauru, Jaú e Botucatu integravam tal lista.

O Atlas da Energia Eólica mapeia os locais com maior potencial de geração de energia neste segmento. Além do potencial de ventos, onde o importante do indicador é ser constante este nível para justificar o potencial, “o que temos nesses corredores do mapa da geração de energia renovável é que não precisa construir linhas de transmissão nessas localidades”, afirmou Aníbal, na ocasião. 

05 jun 2017


Por Jornal da Cidade