Financiamento deve acelerar alta da fonte solar


As mudanças nas políticas operacionais do BNDES, anunciadas na última semana, darão impulso extra ao setor de micro e mini geração de energia solar fotovoltaica no país, que deve fechar 2016 com um total de 7 mil sistemas instalados, um crescimento de 300% sobre o ano anterior, de acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). A expectativa para este ano é de continuidade do crescimento da inserção da fonte na matriz elétrica brasileira, segundo a entidade.

A ampliação da participação máxima do banco em taxa de juros de longo prazo (TJLP), de 70% para 80% do valor total do investimento e, principalmente a duplicação, para dez anos, do prazo de amortização da linha Finame (voltada para compra de máquinas e equipamentos) vão viabilizar financeiramente a instalação de projetos solares fotovoltaicos dentro do orçamento com energia elétrica das empresas.

“Isso faz com que o financiamento se encaixe dentro dos custos atuais que as empresas têm com energia elétrica. Com a própria economia que você tem na conta de luz [ao implantar um sistema de geração solar], você poderá pagar o financiamento até que o sistema se torne seu”, disse o presidente da Absolar, Rodrigo Sauaia.

O setor de energia solar é de fato um dos principais beneficiados pela nova diretriz do BNDES. Segundo a presidente do banco, Maria Silvia Bastos Marques, a instituição vai priorizar financiamentos para projetos com impactos ambientais positivos e apoiará empresas de pequeno e médio porte.

Ainda nessa área de financiamento, a entidade negocia com o governo federal a criação de linhas de apoio, com recursos de fundos constitucionais, para projetos do tipo nas regiões Norte e Centro-Oeste, a exemplo do que já foi aprovado no ano passado pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB). O “FNE Sol”, como é chamado, tem prazo de amortização de 12 anos, com carência de seis meses a um ano.

Desde o lançamento da linha até o fim de novembro, já foram contratadas 84 operações, totalizando R$ 13,9 milhões. O Ceará é o Estado com o maior número de contratações (19 operações, com R$ 2,5 milhões) e o Rio Grande do Norte tem o maior volume financiado (R$ 5 milhões, em 16 operações). No total, segundo o BNB, estão na carteira do banco 305 operações do tipo, em diversas etapas, totalizando R$ 163 milhões.

“A Absolar já encaminhou ao governo federal essas duas propostas de financiamento [para o Norte e o Centro-Oeste]. Na verdade, são trabalhos que estão tramitando. Nossa expectativa é que 2017 seja um ano de novas opções e alternativas de financiamento para micro e mini geração distribuída”, disse o executivo.

Outro caminho para expandir o crédito para o setor pode ser por meio de financiamento a pessoas físicas. Segundo Sauaia, estão em trâmite no Congresso dois projetos de lei que preveem a liberação de recursos do FGTS para instalação de sistemas de micro e mini geração de energia solar fotovoltaica. Além disso, alguns bancos comerciais já possuem linhas de financiamento para esse fim.

Com o cenário de financiamento favorável, a Absolar prevê mais um ano de crescimento expressivo de instalação de sistemas do tipo. “Para 2017, nossa expectativa é que esse processo de crescimento continue, à medida que a energia solar fotovoltaica continue se tornando cada vez mais barata e competitiva e exista uma pressão de aumento nas tarifas de energia elétrica [das distribuidoras]”, completou Sauaia, lembrando que a partir deste ano serão incluídos nas tarifas das distribuidoras valores referentes à remuneração bilionária para transmissoras de energia relativa a indenizações por investimentos feitos no passado e ainda não amortizados.